Uso de cerâmicas no enfrentamento da COVID-19

Uso de cerâmicas no enfrentamento da COVID-19

Elson Longo
Diretor do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF/CEPID/FAPESP)

Professor Sênior e Titular do Departamento de Química da UFSCar, professor HONORIS CAUSA da UFPB. Doutor em Físico-Química pelo Instituto de Física da USP-São Carlos, publicou mais de 1.223 artigos em revistas internacionais, Índice H 76, 30.045 citações, possui 39 pedidos de privilégios e gerou mais de 1300 trabalhos em congressos nos últimos 13 anos. Desenvolveu mais de 42 projetos e convênios com os governos Federal e Estadual, e também com empresas (só com a CSN foram mais de 45 Projetos). Orientou e co-orientou mais de 170 teses e dissertações. Recebeu mais de 23 prêmios e menções honrosas. Mantém forte intercâmbio com instituições nacionais e internacionais de pesquisa na Espanha, França, EUA e Itália. Diretor do Centro para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF/FAPESP), que foram concebidos para o desenvolvimento de pesquisa básica e tecnológica, ensino e transferência de tecnologia ao setor privado. Membro da Academia Internacional de Cerâmica (World Academy of Ceramics). Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP) e Membro da Academia Brasileira de Ciências.

Universidade Federal de São Carlos / Departamento de Química

Um material cerâmico clássico, utilizado como refratário, foi sintetizado para eliminação de bactérias e fungos. O composto é feito de micropartículas de sílica, impregnada com prata metálica. Está sílica mostrou grande atividade ao remover o coronavírus em dois minutos. Por outro lado, está cerâmica foi incorporada em diferentes polímeros formando vários compósitos. Estes compósitos foram incorporados em tecidos para eliminar o vírus. O tecido já está sendo usado para a fabricação de roupas e, em particular, equipamentos de proteção individual (EPI) para profissionais de saúde. Mas quem pensa que a tecnologia surgiu com a pandemia está errado. A investigação começou há 14 anos, durante a orientação de doutorado de Gustavo Simões, de um dos proprietários da empresa Nanox.  Desta forma, como o COVID 19 tem uma estrutura orgânica, deduziu-se de imediato que o produto da Nanox, deveria ter uma eficiente ação contra o vírus. O vírus morre devido a um processo de oxidação. É como se o tecido tivesse mecanismos que possam queimar bactérias, fungos e vírus. Com sílica e prata metálica, há um efeito plasmônico da prata. Esse fenômeno pode absorver elétrons ou fornecer elétrons facilmente. Observou-se que a sílica com prata tem uma grande capacidade de quebrar a molécula de água, formando um radical hidróxido e um próton. Do outro lado, há um elétron para o oxigênio, que forma um íon peróxido e absorve esse próton e forma um radical peróxido. Este radical peróxido e o radical hidróxido oxidam bactérias, fungos e vírus. O tecido tem uma durabilidade de dois anos, suporta pressão e altas temperaturas. O método que desenvolveu a tecnologia é totalmente novo na literatura. A pesquisa foi desenvolvida para que, no futuro, tivéssemos elementos de proteção contra bactérias, fungos e vírus.