Entre arte e ciência: como discutir conteúdos técnicos no ambiente do ateliê?

Amanda Magrini
UNESP

Bacharela e Mestra em Artes visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, com formação técnica em cerâmica pelo Senai Mário Amato. Atua, desde 2013, em ateliês de cerâmica artística, e recentemente dedica-se a promover cursos de conteúdo técnico para esse público, valendo-se de sua experiência profissional em laboratórios de minerais e materiais cerâmicos ao longo de sua formação técnica.

Resumo
A cerâmica artesanal, que ocupa os ateliês dos centros urbanos, sempre foi um espaço terapêutico do fazer. Raros eram os ceramistas/artistas que se ocupavam dessa arte como ferramenta profissional e buscavam aprofundamento técnico. No entanto, de poucos anos para cá, esse cenário vem se transformando com velocidade, reflexo de movimentos que já ocorrem na Europa e Estados Unidos, e que buscam resgatar a autonomia profissional e os saberes tradicionais das artesanias. Os movimentos slow vieram para questionar o estilo de vida industrial da sociedade moderna e estão recriando alguns campos de atuação profissional. Entre essas mudanças, um grande número de feiras de artesanato moderno, sofisticado e de alto padrão, estão permitindo com que muitos ceramistas amadores consigam escoar seu produto para um público que aceita e busca objetos feito à mão, e com isso, estão transformando a cerâmica, antes voltada para o lazer, em profissão. No entanto, a cerâmica artística, por seu histórico, é extremamente carente de informações e metodologias necessárias para o aprimoramento de seus processos e produtos. São poucas as bibliografias técnicas existentes direcionadas para esse público, que muitas vezes são profissionais de áreas distintas e não estão familiarizados com termos científicos, além disso, possuem uma busca criativa que se diferencia dos conteúdos voltados para os processos industriais. Por isso, é um grande desafio preparar e apresentar materiais informativos que atendam o perfil desses novos ceramistas.