Métricas de Energia e Valorização de Materiais Residuais para o Desenvolvimento da Construção Sustentável e da Economia Circular

Métricas de Energia e Valorização de Materiais Residuais para o Desenvolvimento da Construção Sustentável e da Economia Circular

Mauro Donizeti Berni
Unicamp

Engenheiro de Produção e Química pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) (1983). Doutorado e Mestrado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Bacharel em Ciências Jurídicas. Pesquisador associado ao Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) da UNICAMP desde 2010. Na iniciativa privada liderou equipes ao nível de gerência industrial e meio ambiente nos setores de Celulose&Papel, Alimentos&Bebidas e Cerâmico. Desenvolve atividades acadêmicas de orientação, pesquisa e desenvolvimento envolvendo Sustentabilidade, Otimização e Política Públicas. Entre 2016 e 2019 participou do Conselho Estadual de Política Energética do Estado de São Paulo (CEPE). O CEPE tinha como missão formular diretrizes e políticas públicas para o Setor Energético paulista. Facilitador do Grupo Gestor Universidade Sustentável (GGUS-UNICAMP, signatário do / GULF Carta ISCN) pela Coordenadoria de Centros e Núcleos da UNICAMP (COCEN).

Resumo:
O diagnóstico do estado atual das edificações no Brasil demonstra que a construção civil pode alavancar a economia circular na cadeia produtiva do setor cerâmico, a partir do estabelecimento de um conjunto de indicadores direcionados às boas práticas para uma construção mais sustentável. Este trabalho concentra-se em duas grandes áreas que interagem com a sustentabilidade e a economia circular: energia e materiais. Métricas em energia e materiais permitem a elaboração de simulações energéticas e da análise de ciclo de vida. O principal objetivo deste trabalho será a apresentação de tais métricas para o setor cerâmico, visando a construção sustentável e a alavancagem da transição para uma economia circular. Indicadores envolvendo consumo energético, vida útil, conforto térmico, emissões de CO2, entre outros, são imprescindíveis para o benchmarking de novas edificações no médio e longo prazos.  Os fluxos de energia e materiais são interligadas e ambos são quantificados na análise de ciclo de vida. A energia contida nos materiais do setor cerâmico utilizados na construção civil também é considerada no inventário de fluxos. No Brasil, a construção civil e responsável por 48,5% do consumo de energia elétrica, que ocorre em quatro principais eixos: i) extração, fabricação, produção e transporte de materiais de construção; ii) construção e consumo de energia no canteiro de obras; iii) operação de edificações e o ambiente urbano; e iv) demolição e fim de vida. A eficiência energética é tema de alta relevância e deve ser considerada prioritária visto que grande parte das emissões de gases e efeito estufa antropogênicas são oriundas da geração de energia.  As construções futuras deverão aumentar seu grau de “resiliência” e “regeneração” para responder efetivamente às mudanças climáticas em curso e atender às metas de mitigação de emissões de CO2 previstas para as próximas décadas. O chamado “design biofílico” imita os processos biológicos circulares e autossuficientes existentes na natureza e sua aplicação produz edificações altamente eficientes em termos ambientais com um desejável conforto térmico e redução do consumo energético.